Dra. Giada Pietrabissa
Dra. Giada Pietrabissa
Dra. Giada Pietrabissa é psicóloga e investigadora no Istituto Auxologico Italiano em Milão, Itália.

Envelhecer faz-nos mais felizes – dizem os estudos –, mas um estilo de vida saudável, que inclua suplementos, pode aumentar amplamente a nossa perspicácia mental, os níveis de energia e a saúde física ao longo dos anos.  

O paradoxo da idade  

Académicos descobriram elevada evidência de que a felicidade durante o período adulto apresenta uma curva em U: a satisfação de vida cai entre os 20 e os 30 anos, atinge o ponto mais baixo no final dos 40 anos, antes de aumentar até aos 80s. Dado que há perdas de saúde cognitiva e física que ocorrem com a idade, como é possível o bem-estar emocional melhorar a partir dos 50 anos? 

A Positividade protege-nos do declínio físico  

Estudos de satisfação e efeitos nos ciclos de vida afirmam que – quando se atravessam as idades dos 50’s, 60’s e 70’s – as pessoas tendem a ficar mais sábias, positivas e tranquilas, e menos stressadas e arrependidas.  

Além disso, estudos de imagens cerebrais demonstram também que, à medida que se envelhece, as pessoas são menos responsivas a imagens stressantes e começam a prestar mais atenção a estímulos positivos, comparativamente com a sua juventude.  

Isto afeta também a sua memória, uma vez que as pessoas com idade igual ou superior a 50 anos, geralmente, lembram-se mais de imagens positivas do que de imagens negativas. Este efeito de positividade parece proporcionar alguma proteção contra os efeitos negativos do declínio físico ou de uma saúde precária.  

De facto, pessoas felizes são mais propensas a fazer parte de comportamentos de promoção de saúde, que desempenham uma função de manter o sistema imunitário forte, incluindo atividade física regular e hábitos alimentares saudáveis.  

Combater o estereótipo negativo e ter um controlo ativo  

Estereótipos negativos de envelhecimento estão generalizados na nossa cultura e podem agir como uma profecia auto-realizável, influenciando negativamente o modo como os adultos se veem a si próprios, bem como o seu desempenho cognitivo e comportamentos saudáveis.  

A forma como os indivíduos respondem ativamente às crenças do envelhecimento – bem como aos desafios ambientais – tem implicações na sua independência, nas relações sociais, no seu funcionamento físico e mental e no seu bem-estar económico.  

Conforme salientou Lyubomirsky, 50% da felicidade das pessoas pode derivar da sua genética, 10% de circunstâncias da vida, mas 40% depende da perceção das pessoas relativamente ao controlo sobre as suas vidas.   

Isto é fundamental em qualquer idade, mas torna-se ainda mais importante quando se atinge os 50 anos ou mais – uma vez que a sociedade beneficia fortemente com uma população física e mentalmente saudável. Quando a vida é controlável, as pessoas mais velhas são mais bem-sucedidas do que na sua juventude, conforme documentado em diversos estudos.   

Nutrição a partir dos 50 anos  

Em conjunto com a atividade física, uma boa alimentação pode melhorar a imunidade, combater toxinas causadoras de doença, manter o peso controlado e reduzir o risco de doenças crónicas incluindo cardiovasculares, AVC, hipertensão, diabetes tipo 2 e perda óssea.  

Nem sempre é possível fazer exercício físico e alimentar-se devidamente, mas existem muitos suplementos alimentares a que as pessoas podem recorrer para um reforço de energia. Mais especificamente, suplementos alimentares à base de creatina podem aumentar as funções musculares, ósseas e cerebrais ao longo da vida.  

Manter o corpo saudável não tem que ser através de dietas ou sacrifícios. Em vez disso, deve ser sobre desfrutar do ar livre, de alimentos saborosos e de comer bem na companhia de amigos e família.  

Uma atmosfera social estimula a mente e é tão importante como adicionar vitaminas à alimentação. Ter a dose diária recomendada de vitaminas e minerais – especialmente B12, B6 e ácido fólico – através de alimentos enriquecidos ou suplementos vitamínicos pode ajudar a manter a mente alerta e os nervos e o sangue saudáveis.  

Os antioxidantes podem, também, ajudar a memória e a mente em pessoas com 50 anos ou mais, principalmente resveratrol e coenzima Q10 (CoQ10), que têm vindo a aumentar a sua popularidade como potenciais suplementos para retardar o envelhecimento.  

Do mesmo modo, como a CoQ10 nas células diminui naturalmente com a idade e os níveis mais baixos de CoQ10 são frequentemente associados a muitas condições de saúde, as fontes dietéticas e suplementares da enzima CoQ10 ajudam o corpo a converter alimentos em energia com mais eficiência e prevenir danos celulares, aumentando, assim, o desempenho físico e a qualidade de vida geral. 

Bibliografia  

1. Ashok, B.T. and R. Ali, The aging paradox: free radical theory of aging. Exp Gerontol, 1999. 34(3): p. 293-303. 

2. Kunzmann, U., T.D. Little, and J. Smith, Is age-related stability of subjective well-being a paradox? Cross-sectional and longitudinal evidence from the Berlin Aging Study. Psychol Aging, 2000. 15(3): p. 511-26. 

3. Baird, B.M., R.E. Lucas, and M.B. Donnellan, Life Satisfaction Across the Lifespan: Findings from Two Nationally Representative Panel Studies. Soc Indic Res, 2010. 99(2): p. 183-203. 

4. Jeste, D.V. and A.J. Oswald, Individual and Societal Wisdom: Explaining the Paradox of Human Aging and High Well-Being. Psychiatry, 2014. 

5. Carstensen, L.L., Social and emotional patterns in adulthood: Support for socioemotional selectivity theory. Psychol Aging, 1992. 7(3): p. 331-8. 

6. Molinari, E., et al., The role of psychogeriatrics in healthy living and active aging, in Active Ageing and Healthy Living. A Human-Centered Approach in Research and Innovation as Source of Quality of Life, G. Riva, P.M. Marsan, and C. Grassi, Editors. 2014, IOS Press, Amsterdam, The Netherlands. 

7. Rylee, A.D., Stereotypes of Aging: Their Effects on the Health of Older Adults. Journal of Geriatrics, 2015. 

8. Zhou, L., et al., Is There a Paradox of Aging: When the Negative Aging Stereotype Meets the Positivity Effect in Older Adults. Exp Aging Res, 2017. 43(1): p. 80-93. 

9. Lyubomirsky, S., The how of happiness: A scientific approach to getting the life you want.2008, New York: The Penguin Press. 

10. Steptoe, A., Psychosocial biomarker research: integrating social, emotional and economic factors into population studies of aging and health. Soc Cogn Affect Neurosci, 2011. 6(2): p. 226-33. 

11. Charles, S.T. and L.L. Carstensen, Social and emotional aging. Annu Rev Psychol, 2010. 61: p. 383-409. 

12. Markus, M.A. and B.J. Morris, Resveratrol in prevention and treatment of common clinical conditions of aging. Clin Interv Aging, 2008. 3(2): p. 331-9. 

13. Alehagen, U., et al., Still reduced cardiovascular mortality 12 years after supplementation with selenium and coenzyme Q10 for four years: A validation of previous 10-year follow-up results of a prospective randomized double-blind placebo-controlled trial in elderly. PLoS One, 2018. 13(4): p. e0193120. 

14. Johansson, P., et al., Improved Health-Related Quality of Life, and More Days out of Hospital with Supplementation with Selenium and Coenzyme Q10 Combined. Results from a Double-Blind, Placebo-Controlled Prospective Study. J Nutr Health Aging, 2015. 19(9): p. 870-7.